quarta-feira, 24 de junho de 2015

lá fora

ontem, às dezessete e trinta, 
flores se despediram do sol
ao som dos ventos tristinhos.

era gosto de mar
a saudade que brotava entre as páginas
já amareladas dos livros que não li
das letras desconexas
que há alguns meses esqueci de ouvir.

o tempo que era só meu
perdeu-se nos vãos
nas mãos vazias que esperavam brilhantes
nos olhos úmidos, de antigos amantes,
no tapete empoeirado
que enfeita a sala solitária
da casa que quer ser lar.

pinta-se parede
move-se móvel
renova-se louça
e flores de plástico
e plásticos
e passa-se roupa
e pendura-se quadro
que, de longe, nada
ou quase nada
diz
do que se passa
aqui.

é preciso água agora
pois, lá fora,
na varanda estreita
plantas
gritam por vida.

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