ponta de mar
beira de céu
o balé das pipas
chá das cinco
em ponto
ondas que dormem
depois das dezoito
entre o intervalo
do sorriso da lua
e a lágrima do sol.
castelo de areia.
pingo de tinta
que perde a cor
na boca do menino
e escorre calmamente
até adormecer
na pele-papel
por se sentir só:
como o poema jogado no ralo
ou como o poste apagado na rua.
traços de algum lugar
laços de pó
no ar
que dançam
presos ao tempo
sem força
para desatar
o nó da voz:
o silêncio
é chuva esperada em novembro
que dorme ao relento
porque não pode voltar
para o que é seu.