quinta-feira, 24 de setembro de 2015

sem mi

meu amor deixou seu lar.
passarinhou
visitou outros ninhos
desistiu de cantar:

e, para completar,
revolveu minha pele
e a memória dos nossos lençóis.

meu amor me deixou assim, sei lá.
persistiu em se afastar
refez outros caminhos, recolheu perfumes
e para lá ficou, a parar raios:

resolveu abrandar
tempestades em dias sem milhões de sóis.

meu amor deixou-se em lá.
construiu castelos e pintou poemas
recitou luas em plena luz do dia
dançou valsa em ribeira, sem mar ou hino de rouxinóis:

para a minha vida-canção
descolorida e desafinada
fez promessa de um dó deixar. 

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

de sol à só

quarta de sol
de só ou sal

saudade.




setembro

praça

elevador.

sem
rio
ou fios

lagrimar.

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

eis-me aqui

e as vestes
com que tu me vestes
não servem
para esconder
de onde viestes

vistes não
o barulho que fez o vulcão ao beijar o chão?

eis-me aqui
nu por inteiro
sem fantasia

esperando vestir-te
sem prosa nem poesia
apenas com o que possas carregar

sem preço
nem peso: leve
como a luz do dia que ainda não principia.

ilha das flores


esse gosto de mar
que se perde em nós
que se perde em meio a nós
que pede por nós, enfim

seria só
um gosto de mar
se não fosse o que há
por entre os nós
que nos prendem aqui

flores
eu vejo os seus olhos partirem
quebrando muros, derrubando estações
e as cores que ficam em mim

sem trens
automóveis ou barcos à vela
minha lágrima é doce, 
é saudade

é dela

a noite que não me deixa dormir.

sem re-verso

a pé
de caminhão
nos braços de um sonho
nas mãos das ondas em contramão

a fé
que não pede café
para poder ficar acordada até
de manhã não

desmaia
no sofá

pois sabe
que seja água de rio
de cacimba
ou de maré

morrer afogado
é
no fundo
no fundo
no fundo

o fundo
não sentir
qualquer que seja o pé

e antes de ser pássaro e conseguir nadar
o mundo todo reflete em cada olhar
o que já foi
o que não virá a ser
e o que já é:

você
indo
embora
sem tempo
para dar
marcha a ré.

três eles

carlos
mário
oswald

and
rade