segunda-feira, 9 de outubro de 2017

poema de segunda

era para ser um poema nu
despido de saudade
arrogância
sentimentalismos
de quinta
sexta
ou frio de sábado à noite

era para ser um poema sóbrio
sem gotas de cerveja
doses homeopáticas de solidão
de beira de estrada
ou lágrimas
proporcionadas
por uma lua cheia

era para ser um poema multicolorido
metade branco
metade azul
e todas as outras partes
com o tom que a vida quisesse pintar
existissem cores à disposição
ou feridas abertas
esperando o tempo para cicatrizar

era para ser um poema rasgado
com portas abertas e janelas floridas
tapetes ausentes
chão frio em pleno meio-dia
abraço quente de despedida
e silêncio cantando
todos os versos
que o peito um dia silenciou

era para ser um poema meu
só meu
apenas meu:

mas as palavras me roubaram de mim.