a distância
entre o sim e o não
(que também
resiste
à necessidade
de sentir
a nossa lua cheia)
tem o mesmo peso
da nuvem que flutua
brincando no céu da boca nossa
entre a minha boca
e a língua tua.
Blog destinado à publicação de textos que eu escrevo. Sem qualquer pretensão poética, os fragmentos aqui apresentados são reflexos de momentos simples, tristes, felizes e/ou solitários. São só meus os sentimentos aqui expostos. E seus também.
quarta-feira, 12 de dezembro de 2018
quinta-feira, 8 de novembro de 2018
quietude mãe
às vezes
o silêncio
grita
exageradamente
tão alto
que do alto
nada se vê
pouco se sente
e só a quietude
impera.
o silêncio
grita
exageradamente
tão alto
que do alto
nada se vê
pouco se sente
e só a quietude
impera.
quinta-feira, 11 de outubro de 2018
persistência
a gente vai nadando
nadando
nadando
até não sentir
mais
os pés
de tanta felicidade
depois
a gente nada
nada
nada
e vive sem esperar
por nada
de tanta instabilidade
e continua
vivendo
a nado.
nadando
nadando
até não sentir
mais
os pés
de tanta felicidade
depois
a gente nada
nada
nada
e vive sem esperar
por nada
de tanta instabilidade
e continua
vivendo
a nado.
quinta-feira, 9 de agosto de 2018
cinco
porque
não somos sombras
um do outro.
pelo contrário:
construímos sombras
um para o outro.
e
juntos
escrevemos
- à sombra que nos pertence -
a poesia nossa
de todo dia.
não somos sombras
um do outro.
pelo contrário:
construímos sombras
um para o outro.
e
juntos
escrevemos
- à sombra que nos pertence -
a poesia nossa
de todo dia.
quinta-feira, 12 de julho de 2018
atemporal
em tempo
a gente vai guardando
o poema na cabeça
antes que o dia parta
que a música se repita
e o silêncio
em si
dance
sozinho
porque já era
sinal
de despedida.
a gente vai guardando
o poema na cabeça
antes que o dia parta
que a música se repita
e o silêncio
em si
dance
sozinho
porque já era
sinal
de despedida.
segunda-feira, 11 de junho de 2018
colecionador de nada
e
dos
meus pés cansados
voaram
borboletas
leves
tão leves
que me levaram a caminhos já conhecidos
mas não desejados
porque escuro era sempre o tempo da volta.
e me
colecionei.
colei-me às asas suas
de todas as cores
soltas por entre árvores e tijolos
becos, avenidas e esquinas
cacimbas e fontes.
colei-me às asas suas
de todas as cores
soltas por entre árvores e tijolos
becos, avenidas e esquinas
cacimbas e fontes.
era
como qualquer coisa
que dissesse que sim
que dissesse que sim
ou
que não.
que me chamasse
que me chamasse
e não
olhasse mais para trás.
que ficasse calada
que ficasse calada
e não
mostrasse para o que veio.
e
veio.
e de feio
fez-se belo o beijo
e de feio
fez-se belo o beijo
entre
as duas estrelas
que antes do meio-dia sumiram.
que antes do meio-dia sumiram.
e eu, sem asas
sem luz
sem cor
sem nada,
já tinha esquecido
a voz de quem me chamara
do outro lado da rua.
sem luz
sem cor
sem nada,
já tinha esquecido
a voz de quem me chamara
do outro lado da rua.
porque tinha ficado sempre ali
parado
entre carros e notas
entre notas e moedas
entre moedas, sombra e escada
parado
entre carros e notas
entre notas e moedas
entre moedas, sombra e escada
à
espera de qualquer tom
de qualquer som
de qualquer rota
de qualquer coisa
de qualquer som
de qualquer rota
de qualquer coisa
de nada.
quinta-feira, 10 de maio de 2018
mistérios da nossa poesia
aparentemente
laços se abraçam
e desenham
na ponta de um iceberg
o calor de um sol de janeiro
mesmo quando ainda havia dúvida
quanto à chegada precisa
de qualquer estação.
displicentemente
folhas caem sobre um corpo
na procissão sem passos
e carimbam
[como se fossem xilogravuras
ou talvez gota de orvalho chegando
no fim da manhã]
o desejo na pele morna
que há dias suplica por carinho
e que vive esquecida no tempo.
repentinamente
todas as luzes se apagam
e por entre as curvas se revelam
caminhos e olhares
que outrora eram neutros
não por não serem percebidos
mas porque nunca se fizeram presentes
ou, quem sabe, porque nunca brilharam
na contramão de quem chegava.
assustadoramente
o encanto atende por mil nomes
o desencanto entende a prece de todos os homens
e a água bruta que desce dos céus
dorme resoluta
no balanço das ondas do mar.
poesia
é quando no silêncio das nossas bocas
eu chamo pelo seu nome
e você se reconhece
na cor que habita
nos meus olhos.
laços se abraçam
e desenham
na ponta de um iceberg
o calor de um sol de janeiro
mesmo quando ainda havia dúvida
quanto à chegada precisa
de qualquer estação.
displicentemente
folhas caem sobre um corpo
na procissão sem passos
e carimbam
[como se fossem xilogravuras
ou talvez gota de orvalho chegando
no fim da manhã]
o desejo na pele morna
que há dias suplica por carinho
e que vive esquecida no tempo.
repentinamente
todas as luzes se apagam
e por entre as curvas se revelam
caminhos e olhares
que outrora eram neutros
não por não serem percebidos
mas porque nunca se fizeram presentes
ou, quem sabe, porque nunca brilharam
na contramão de quem chegava.
assustadoramente
o encanto atende por mil nomes
o desencanto entende a prece de todos os homens
e a água bruta que desce dos céus
dorme resoluta
no balanço das ondas do mar.
poesia
é quando no silêncio das nossas bocas
eu chamo pelo seu nome
e você se reconhece
na cor que habita
nos meus olhos.
segunda-feira, 9 de abril de 2018
a toda hora
sou da quarta geração
irmão, neto, pai e filho
de lá para cá
é a distância de uma lua
e todo rei que deseja minha carne
dança nu sob o sol
sou o de cabeça dura
o que se derrete com o som
da nona sinfonia
não choro de dor nem de alegria
e moro num coração
que por si só é poesia
no vai e vem da maré
a minha pressa está no que você não vê
volto de todo canto sempre a pé
porque construí minha casa
entre todos os lados
e é de chuva o pilar da minha fé
gêmeo e solitário
sou marido, mãe e avô
e minha canção
[desbotada pelas notas anti-musicais]
vai e volta, prende-se e se solta
revolta águas de rios
dissolve-se a toda hora
e renasce sempre entre nós dois.
irmão, neto, pai e filho
de lá para cá
é a distância de uma lua
e todo rei que deseja minha carne
dança nu sob o sol
sou o de cabeça dura
o que se derrete com o som
da nona sinfonia
não choro de dor nem de alegria
e moro num coração
que por si só é poesia
no vai e vem da maré
a minha pressa está no que você não vê
volto de todo canto sempre a pé
porque construí minha casa
entre todos os lados
e é de chuva o pilar da minha fé
gêmeo e solitário
sou marido, mãe e avô
e minha canção
[desbotada pelas notas anti-musicais]
vai e volta, prende-se e se solta
revolta águas de rios
dissolve-se a toda hora
e renasce sempre entre nós dois.
sexta-feira, 2 de março de 2018
daqui
sim
eu quis pagar para ver
- à vista ou parcelado -
como seria ter
tardes ao lado seu
dividir com você meu café
amargo
capuccino
expresso e sem média-luna
sim
eu me dispus
- mesmo indisposto -
por muitas doses de horas
a tempo de enterrar
em meu raso subsolo
canções de elevador
para que você não fosse embora
para que você não fosse embora
para que você não fosse embora
eu joguei fora:
o guarda-roupa usado
a geladeira antiga
o aquário que decorava a sala
meus poemas preferidos
a camiseta listrada
os discos de Lia de Itamaracá
o apreço que eu tinha de admirar
a lua pousando suave e paciente
nas areias da praia do Pina
fotografias amareladas, singelas
medicamentos há meses vencidos
bilhetes velhos de tantas viagens
e quase me joguei
de tanto desgosto
- naquela fria manhã
de um sábado de agosto -
da minha janela
quase pedi sem voz alguma
para que você não fosse embora
para que você não fosse embora
para que você não fosse
para que você pudesse
ser daqui
para que eu tocasse
seda aqui
talvez, quem sabe, você volte
e ceda aqui.
eu quis pagar para ver
- à vista ou parcelado -
como seria ter
tardes ao lado seu
dividir com você meu café
amargo
capuccino
expresso e sem média-luna
sim
eu me dispus
- mesmo indisposto -
por muitas doses de horas
a tempo de enterrar
em meu raso subsolo
canções de elevador
para que você não fosse embora
para que você não fosse embora
para que você não fosse embora
eu joguei fora:
o guarda-roupa usado
a geladeira antiga
o aquário que decorava a sala
meus poemas preferidos
a camiseta listrada
os discos de Lia de Itamaracá
o apreço que eu tinha de admirar
a lua pousando suave e paciente
nas areias da praia do Pina
fotografias amareladas, singelas
medicamentos há meses vencidos
bilhetes velhos de tantas viagens
e quase me joguei
de tanto desgosto
- naquela fria manhã
de um sábado de agosto -
da minha janela
quase pedi sem voz alguma
para que você não fosse embora
para que você não fosse embora
para que você não fosse
para que você pudesse
ser daqui
para que eu tocasse
seda aqui
talvez, quem sabe, você volte
e ceda aqui.
segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018
sentimáforos
em um tempo
tudo se espera:
o mundo acaba
a ligação cai
e o distante não se acolhe tão junto ao peito
em um tempo
a passagem é permitida:
a pressa é contínua
a hora é confirmada
e abraços podem ser guardados na fria memória
em um tempo
mãos, pés e corações param:
tudo se abala
a vida inteira se vai
e nada pode ser feito
depois
em tudo
às vezes
é somente madrugada
e a estrada chora o sono da solidão
à noite
sozinha
sem traços de ninguém.
tudo se espera:
o mundo acaba
a ligação cai
e o distante não se acolhe tão junto ao peito
em um tempo
a passagem é permitida:
a pressa é contínua
a hora é confirmada
e abraços podem ser guardados na fria memória
em um tempo
mãos, pés e corações param:
tudo se abala
a vida inteira se vai
e nada pode ser feito
depois
em tudo
às vezes
é somente madrugada
e a estrada chora o sono da solidão
à noite
sozinha
sem traços de ninguém.
segunda-feira, 15 de janeiro de 2018
nunca mais
a sua fala
faltando dizer
em que fato
ou em que leito
não havia flores
e a falta que você me faz
desorienta meus poros
perturba tanto meus portos
que me revolto em mares vazios
e fico tão tonto
que nem farfalla me encanta
mas se houver outro ponto
onde haja de imediato
necessidade de um novo encontro
colo no seu calcanhar
até você me encaixar
e me deixar no ponto
do próximo ônibus que passa junto ao seu lar
e eu de lá
nunca mais sairei
nunca mais sairei
nunca mais sairei
eu nunca mais sairei
de perto de nós.
faltando dizer
em que fato
ou em que leito
não havia flores
e a falta que você me faz
desorienta meus poros
perturba tanto meus portos
que me revolto em mares vazios
e fico tão tonto
que nem farfalla me encanta
mas se houver outro ponto
onde haja de imediato
necessidade de um novo encontro
colo no seu calcanhar
até você me encaixar
e me deixar no ponto
do próximo ônibus que passa junto ao seu lar
e eu de lá
nunca mais sairei
nunca mais sairei
nunca mais sairei
eu nunca mais sairei
de perto de nós.
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