quinta-feira, 16 de junho de 2016

estrelas da manhã

estrelas minhas
que brincam de ser hoje
sem preocupações passadas

pois sabem que o beijo que encanta,
mais do que qualquer lágrima
que morre no escuro do riso
e, ainda assim, adoça praças
montanhas e galáxias,
é aquele que desenha caminhos entre mares.

entre um nascer e um dormir
- e um não mais acordar -
há um vão desejo que tudo aconteça
de uma só vez.
mas porque tentar ler segredos expostos
se o mistério está no que ocorre
quando nossos corpos
juntam-se e cantam uma única canção?

talvez não encontremos sentido
talvez, até, nem haja mesmo sentido algum
nos mistérios que envolvem 
os toques que provocam arrepios.

cuidemos, pois, sempre de colher estrelas novas
todas as manhãs, mesmo desorientados: 
é nessa, possível, ausência de rumos
que a gente se sente
e dá vida sentido à vida que chega. 

segunda-feira, 6 de junho de 2016

entre maio e junho

impossível
de passarem desapercebidas
a alegria e a tristeza
de tudo que vai embora
de tudo que chega
com essas águas que caem agora, menina.


dormir indiferente
não aguentar a dor de dente
que vem com o frio
frio que deixa parte do corpo dormente
e que de ausência geme, chora de saudade,
silenciosamente, a alma
a angústia do arrepio.


chove perfume sempre
entre os meses de maio e junho.
luz que vem do céu
para colorir nosso jardim
e todas as flores de plásticos morrem de inveja.


e quem quer ser eternamente enfeite para jarros e corredores?
e quem quer ser eternamente enfeite que não acompanha andores?
e quem quer ser eternamente enfeite?
e quem quer ser eterno, mente?