quinta-feira, 30 de julho de 2015

via já

são duas vias
igualmente distintas e semelhantes
tudo limpo e novo
tudo sujo ou quase sujo
e novo ou quase novo
de novo.

não há água que limpe uma alma
com tanta força
como quando se faz uma boa viagem

são duas vias
vai e volta
sobe e desce
arruma e desarruma
para arrumar e desarrumar novamente

e novamente
e novamente
e eis que surge a possibilidade
de uma nova mente.

domingo, 12 de julho de 2015

passou

às cinco
é um pássaro que canta

às nove
um vento que se lança

às dezoito
lembrança.

elas flores

clarices e as açucenas
cecílias e as adelfas
cássias e todas as dálias

graças e as alfazemas
marias e as lavandas
céus e as beladonas

hildas e as camélias
lygias e as begônias
anas e todas as gencianas

são elas:
todos os cactos
cravos
crisântemos
campânulas
gerânios

todas as glicínias
e todos os ipês.

amores-perfeitos.

sua dor

triste
a folha em branco
procurou pela tinta:
condição para o sorriso alheio

dona prima
ainda que cega
tateou corpos incandescentes
de dentro para fora
de baixo para cima.

qual é a cor exata
da sua dor
na minha rima?

de fora

a solidão bateu à porta
do outro lado não havia ninguém

perdeu-se, então
entre a lembrança dos passos de outrem
e o que não encontrou
do lado de fora.

tarde?

fiz de mim
o que não pude

refiz em mim
só o que pude

tarde?